sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Assembleias Gerais e poderes totais.

Nada como estar ausente durante meses para ter depois alguma coisa que escrever ou comentar... Apesar das promessas, de gato, de ser mais afinco nas suas deambulações escrevinhais, aqui o animal estabeleceu por bem mandar às urtigas todos os seus pares e, essencialmente, os ímpares da Vila que de tal denominação só tem o sítio onde fica...

As urtigas, tão frágeis e de tão susceptíveis que são à irritação, acharam melhor devolver ao remetente todos esses bens e males...

Assim sendo, observação mais recente de umas das trivialidades cá do nosso burgo: eleições de uma conceituada, referenciada e/ou negligenciada associação de brasão brandoense: a convocação de eleições para uma nova direcção.

Como muitos já se aperceberam, neste caso, nova direcção não tem sido sinónimo de renovação. E tanto não convém que os potenciais, e avisados,  interessados em tais correrias nem se atrevem a se apresentarem, não vá os seus nomes serem corridos pelas valetas onde só os gatos lhes poderão lamber as feridas. E como tal, o que seria passível de ter potencial e interessar transforma-se em objecto de pouca utilidade ao talento e engenho de quem não está para se aborrecer com coisas pequeninas com que alguns poderes se fazem conhecer, por muito que  esses mesmos não o reconheçam, de tão enraizados se convenceram e de tão grandes se acharam.

Para que seja garantida essa mesma reacção por esses tais eventuais reaccionários contra-poderes, existem diversas estratégias de actuação. O felino pode enumerar aqui algumas, dado que nem é assim tão difícil de as registar de tão insolentes e descaradas parecerem ser:

- Ser nomeado como um dos elementos de acção directiva e tornar desinteressante tanto a sua participação como a colectividade que representa através do seu... desinteresse.

- Ser nomeado presidente da colectividade e não comparecer sequer para as assembleias e assim melhor possibilitar sucessivos adiamentos de supostas decisões a tomar, assim como de ajudar a manter o satus quo.

- Fixar a ideia de que a direcção da colectividade deverá ser jovem, de forma a manter o carácter juvenil da 'academia' e, tal como numa ordem deve funcionar, manter os conhecimentos, autoridades e experiências num mesmo grupo restrito independentemente do seu grau de juventude.

- Chamar a si a doutrina e a exclusiva capacidade de transmitir conhecimentos, baseado apenas e só no empirismo, e não reconhecer a utilidade e o saber daqueles que se formaram ou se especializaram em disciplinas que poderiam contribuir bastante para enriquecer o património humano da colectividade. Desculpas com escassos meios financeiros são recorrentes e ajudam a não ter que distribuir esforços ou proveitos...


E qual é a maior riqueza de uma entidade colectiva, seja ela de que carácter for? Os seus recursos humanos. Mas existe outro princípio que outros preferem ter como prioritário: valorizar todos por igual pode fazer perder a importância de alguns poucos...

Ora, de assembleias gerais em que uma colectividade, de centenas de associados, tem de solicitar encarecidamente a alguns sócios - entretidos numa das suas mais animadas actividades - o jogo da sueca - que se façam representar nas mesmas de modo a que se possa formar um quórum, àquelas assembleias agendadas, as quais, chegada a sua data correspondente, nem sequer se pronuncia a sua denominação e, consequentemente, não se realiza, se mantém na expectativa a emoção de um acto eleitoral adiado, que não passará de uma lista organizada em última hora com os suspeitos do costume, mais alguns amigos e familiares para constarem como números. E isso porque já se torna incomportável manter o desgaste da incompetência de quem ainda os preside com a agenda de apoios financeiros aos quais se pretende apresentar concurso.

Este é apenas um exemplo de ocorrências sociais e colectivas de uma terra de gente apática, de uma terra que o Conde não reconheceria como sua, nem onde o gato consegue vislumbrar qualquer acto de ousadia. De gente que só se mobiliza, quase constrangida, quando determinada cor partidária pode correr o risco de perder a sua 'representação' numa direcção seja lá do que for.

1 comentário:

  1. Olá.
    Estou por cá via engenhonopapel e passo a dar-lhe os parabéns pela forma tão clara como transcreve o ambiente dessa instituição.
    Na proximidade possível com todos os personagens directivos dessa instituição é essa exactamente a imagem que deles temos, nós que á volta de uma mesa falamos sobre a cor dessas coisas.

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